A Gastronomia deu ao Homem a possibilidade de avançar sua Humanidade.
Recentes estudos da Neurofisiologia dão-nos conta de que 30% das necessidades calóricas do Homem que somos hoje se destinam a sustentar aquilo de que nosso cérebro precisa. 70% vão para o corpo todo. Somos Primatas. Antes, para preencher nossa necessidade calórica, dedicávamos dez horas por dia comendo e mastigando e digerindo; um bom tempo procurando comida, e o resto do tempo dormindo ou descansando (qualquer similitude com gorilas, por exemplo…).
O fogo deu-nos a cocção; a cocção a possibilidade ao nosso corpo de, em processando o alimento, receber mais calorias, digeri-las mais rapidamente (duas horas por dia?); isto permitiu mais tempo livre para procurar comida e fazer outras coisas.
A refeição por uma questão logística era feita em tempo mais determinado; isto ampliou a sociabilidade (mais pessoas sentadas no mesmo lugar, comendo juntas ao calor do fogo), exigiu criação de palavras novas que exprimissem com exatidão outros sentimentos e que descrevessem fatos mais abrangentes que aquelas que fossem usadas para comunicar assuntos relativos à caça, por exemplo; permitiu ao Homem sonhar e transmitir seu sonho.
A gastronomia como estudo dos sólidos e líquidos de que necessitamos para sobreviver veio enriquecer nosso conhecimento. Passamos a comer com busca exclusiva daquilo que nos dá saúde e nos dá prazer. O ato de comer, como já se disse, é o nosso remédio e o nosso remédio o bem comer!
Comer bem não trata só de etiqueta (considerando etiqueta um conjunto de regras que com bom senso facilita o ato); trata de prazer (sensorial, físico, espiritual), de saúde, de sociabilidade, de sobrevivência, de comunicação, de fraternidade, de ampliação de nossa humanidade.
Como dizia meu grande amigo Sergio de Paula Santos, gosto não se discute, mas se educa! O refinamento é necessário; em excesso prejudica.
O que costumo dizer é que, tanto para sólidos como para líquidos, cada um procure o que lhe cai melhor, dentro de seu estilo próprio, sem atentar muito para aqueles que determinam o que é bom e o que não é. Críticas assim feitas não miram as individualidades, não se preocupam com o outro.
Identificado o seu estilo, que cada um procure se refinar com o ferramental que tiver à mão.
Não entendo uma gastronomia como nacional; vejo-a como regional. Não a percebo integrante de um campeonato – qual a melhor? – mas sim uma que é boa e outra que não é, o que torna excessivamente subjetiva a análise (bom para quem?).
Já disse que não há uma sequer decisão racional como nos informa a neurofisiologia com respaldo da Filosofia da Mente: toda decisão é Sentimental (não emocional, não histérica, não lacrimosa, apenas sentimental, ou seja, uma forma racional de discursar sem palavras).
Como cada um procura se educar em História, em Política, em Literatura, em Música, procure, como forma de ampliar sua Humanidade, educar-se em Gastronomia e assim salvar-se para sempre.
Sylvio do Amaral Rocha Filho